As questões abaixo trazem uma síntese do livro que é de suma importância para pais e professores na compreensão do desenvolvimento cognitivo da criança
1. Qual
é a relação estabelecida por Rosa, entre brinquedo e brincadeira?
A linha de pensamento de Rosa para a
relação brinquedo e brincadeira tem como base o exemplo de Furth, quando este
exemplifica uma criança que se utilizando de um pedaço de madeira
“brinca” fazendo de conta que este é um
automóvel, para a criança naquele momento o pedaço de madeira é realmente um
automóvel pelo fato de que ela atribuí a ele essa função fazendo uso de sua
subjetividade. Neste exemplo se pode perceber que a criança entende o brinquedo
e o objeto que ele representa naquele momento como algo que existe independente
dela, e tem a possibilidade de atribuir-lhe significado, fazendo “uso” deste ao
mesmo tempo que expande seu conhecimento sobre o objeto real ao qual está
representando.
Portanto a criança conhece e sabe para
que serve o real, simboliza o seu uso no imaginário tornando-o cada vez mais significativo, através da
internalização dos símbolos.
2. Como
a autora discute os temas, brincar, brinquedo e brincadeira?
A
autora analisa esse tema não como processo pedagógico, como atividade
determinada a resultados na questão do desenvolvimento intelectual pontuado na
infância o que é uma perspectiva educacional.
Sua
análise parte do princípio de que, brincar é uma atividade que se inicia na
infância, norteada pelo uso do brinquedo como meio para criatividade em seu uso
simbólico durante a brincadeira, isso permitirá a qualidade na relação
indivíduo/objeto durante toda a vida, portanto é aí que se estabelece o
fundamento e importância do tema, pois toda relação estabelecida pelo indivíduo
com seu mundo exterior ao longo da vida terá como suporte a qualidade do
desenvolvimento adquirido nesta fase.
3. Explique
a expressão: “... à conquista da consciência do objeto corresponde a conquista
da consciência do “eu” como sujeito, e que os elementos necessários à experiência
do conhecimento já estão constituídos”.
Ao entender que o objeto é algo
exterior a ela, a criança percebe-se como indivíduo capaz de influenciar o meio
ao qual está inserida. A exploração deste meio se dará através das experiências
advindas desta consciência, onde o “eu” terá que submeter-se às características
do “objeto”, porém essa submissão proporcionara as possibilidades para que
criativamente a criança busque através do movimento pendular entre objetividade
e subjetividade a adequação necessária do “objeto” ao “eu”, trabalhando as
frustrações que as tentativas e erros ocasionarão, essa busca de equilíbrio é o
que promoverá as estruturas necessárias e conhecimento para lidar com o mundo
exterior social e culturalmente ao longo da vida.
4. Por
que brincar é tão importante no processo de aprendizagem?
No momento em que brinca a criança
toma decisões, atua sobre o objeto ou significado da brincadeira e faz
ressignificações sobre sua atuação, essas experiências acabam por equilibrar as
estruturas cerebrais provenientes de conhecimentos anteriores aos novos
conhecimentos e assim se dá a aprendizagem.
Portanto quanto mais a criança
brinca mais desenvolve competências e habilidades para novas descobertas e
construções dentro potencializando sua capacidade de aprendizagem.
5. No
texto a autora fala sobre a mãe humana e o professor humano, e qualquer ser
humano é um ser que falha. E precisa falhar. Porque no processo de
desenvolvimento do ser humano desde o nascimento, o adulto que educa precisa
falhar?
A
falha neste sentido permitirá ao bebê ou educando entender que ele não é único,
que existe uma realidade paralela a sua existência, e que ele precisa atuar
sobre essa realidade por meio de outras possibilidades. No caso do bebê os
objetos transicionais o conduzirão nesta adaptação, já no caso do educando será
a maneira como o professor lhe induzirá a busca por meios alternativos, não lhe
oferecendo respostas prontas, fazendo com que este experimente a sensação do
erro e entenda que está ao seu alcance acertar, pois a frustração aqui
funcionará como meio para o crescimento e desenvolvimento de novas habilidades.
6. Explique,
de acordo com a teoria de Winnicott, citado por Rosa, o que são objetos
transicionais e fenômenos transicionais.
Entende-se por transicional, algo
que se faz necessário em um momento de avanço de um estado a outro. Ao
falhar a mãe abre espaço para que o bebê
sinta a necessidade de algo, nesse momento ele iniciará sua busca em suprir tal
necessidade, buscará em seu interior, os definidos por Winnicott de “fenômenos transicionais” que são seu
próprio balbuciar, cantigas de ninar etc. Que são fatos que ocorrem em sua
subjetividade.
Ao perceber que essa possibilidade não é suficiente à sua
nova realidade o bebê partirá então para uma nova busca, e desta vez algo
concreto, pois, desiludido pela falha da mãe precisa de conforto, e por algum
tempo terá sua necessidade saciada pelos “objetos transicionais”, perceberá então
nessa busca que não é suficiente a si próprio, pois, verá agora que a mãe é algo fora de si, bem como os objetos
aos quais se apegou, o interessante para o bebê nesse estágio é que esse objeto
é real, concreto e que supre - ainda que
em parte - a falha da mãe.
Nesse processo o bebê passará como
já citado de um nível a outro, portanto os “fenômenos transicionais” pertencem
a fase da transição onde prevalece a subjetividade, para ele é indiferente o
que é interno e externo. Quando passa para os “objetos transicionais” passa a
ter a percepção de que existe um mundo “exterior” a si, o fato de compreender
isso o leva a ter “ação” sobre esse novo mundo o que persistirá como construção
para a vida toda.
7. O
que significa movimento pendular e qual é a sua função?
A questão anterior que nos remete a
passagem de um estágio de compreensão a outro, faz com que a ideia fique mais
clara quando abordado o significado de “movimento pendular” para Winnicott essa
transição não acontece em saltos, o bebê não abandonará definitivamente a
subjetividade do estágio anterior - por mais que a medida em que cresce e compreende
as leis da física através do raciocínio lógico, o que o leva, quando adulto a
perda da capacidade de brincar como afirma o texto – esse movimento pendular é
a capacidade que o bebê tem de alternar-se entre os dois estágios, o subjetivo
e o objetivo. Embora esteja em processo progressivo, esse movimento é de suma
importância para o desenvolvimento.
Por conseguinte “movimento pendular”
nada mais é que a alternância entre a objetividade e subjetividade no processo
de desenvolvimento e percepção do interior e exterior.
8. Segundo
Winnicott todo indivíduo tem um espaço potencial, onde o mesmo terá a oportunidade de viver criativamente ao
longo de sua existência. De acordo com sua teoria descreva o significado de
espaço potencial.
O espaço potencial a qual Winnicott
se refere é uma terceira área onde o indivíduo tem armazenadas as experiências
dos estágios anteriores como um patrimônio que dará suporte aos novos avanços
e conhecimentos, podendo através deste
interagir com a cultura de maneira construtiva e criativa.
9. Defina
segundo a teoria de Winnicott: uma mãe suficientemente boa.
A “mãe suficientemente boa” é definida como
aquela que supre as necessidades do
filho quase que por completo, o que dará suporte emocional ao indivíduo em
todas as etapas da vida, e para isso, falhar também faz parte dessa “bondade”,
pois se esta mãe não falha o bebê não terá necessidades, e o fato de não as ter
acabará por não gerar motivação, que é impulso necessário para seu crescimento
físico, mental e intelectual.
10. Segundo
Rosa, o processo de desenvolvimento saudável da capacidade de conhecer o mundo
e também de aprender depende de uma série de condições. Descreva quais são
essas condições.
Rosa aponta as seguintes observações
para que o desenvolvimento saudável ocorra sem restrições: as condições oferecidas pelo ambiente no
processo de desenvolvimento emocional primitivo da criança; a possibilidade que
esta tem de experimentar um estado de “não-saber” sem sentir-se ameaçada por
isso; e finalmente, que o brincar criativo
e o pensar depende da possibilidade que o indivíduo teve de experimentar
e viver o seu próprio “ser” numa relação com o outro, pautada pelo respeito e
confiabilidade.
Portanto, o desenvolvimento saudável
da criança depende diretamente da qualidade da relação mãe-bebê, se essa mãe
segue, mesmo que sem conhecimento científico, mas pura e intuitivamente os
cuidados necessários para manter o bem estar de seu filho desde o primeiro dia
de vida – o que é praticamente comum às mães -
a criança com certeza não terá problemas na capacidade de aprender e de
conhecer o mundo.
11. Qual é o pressuposto básico da teoria de
Winnicott sobre o brincar?
Para
Winnicott o pressuposto básico sobre o brincar é de que este se localiza na
terceira área da experiência, no espaço de trânsito entre interior e exterior,
ou seja, no espaço potencial da criatividade. Portanto o brincar não pertence
ao interior onde os objetos estão sob controle mágico, nem ao exterior fora de
qualquer controle. Afinal para controlar
o que está fora é preciso fazer coisas, não basta simplesmente pensar, portanto
é ai que se localiza o brincar na ação exercida sobre o objeto, o que a criança
faz e o que imagina enquanto está
fazendo.
12. Estabeleça de acordo com o texto uma relação entre o brincar e o conhecer.
O brincar proposto no texto pela
autora e também para Winnicott, não é aquele no qual se deve seguir as regras de um jogo de forma submissa
para agradar a mãe o pai ou o professor. Esse tipo de brincar pode até ensinar
alguma coisa para a criança, mas não a leva a criar. O brincar propriamente
dito e proposto pelo texto é aquele em que a criança tem a possibilidade de
transitar entre sua subjetividade e
objetividade das coisas concretas, criando e recriando, fazendo literalmente
experiências guiadas por uma lógica construtiva de sua própria autoria, onde as
regras são criadas por ela, essa é a relação entre brincar e conhecer, viver
explorando as possibilidades, e a consequência é sem dúvida novos
conhecimentos.