domingo, 15 de fevereiro de 2015

Resenha do filme "Nós que aqui estamos por vós esperamos"





       Lançado no Brasil em 1999, com duração de 73 minutos, o filme “Nós Que Aqui Estamos por Vós Esperamos,” tem um título expressivo para reflexão sobre a vida e a morte. É nessa perspectiva que o filme com direção, roteiro e produção de Marcelo Masagão, aborda brilhantemente em forma de documentário, fatos históricos do século XX.
         Em função de enriquecer a interpretação feita por seu público, Masagão valoriza as imagens utilizando-se de sobreposições, que aos poucos, e sem uma ordem cronológica vão revelando uma retrospectiva daquele século.
         As guerras têm grande ênfase neste contexto, pois com certeza foram causadoras de muitas mortes, mudando assim o destino de pessoas, algumas conhecidas na história mundial, e outras apenas personagens fictícios, os quais o autor nomeou para dar um sentido mais humanista aos fatos. Um destes momentos chama a atenção de forma mais específica, a imagem do monge budista, que ateia fogo ao próprio corpo em protesto a guerra do Vietnã.
          O filme reafirma que o homem contemporâneo é outro, porém a essência é a mesma, a busca insana pelo poder e pela felicidade a qualquer custo, mesmo que o preço seja dispor da vida dos outros, já que o ser humano é incapaz de pensar a própria morte, isso fica bem claro tanto nos campos de batalha, onde se planeja apenas matar o inimigo, ou nas cúpulas dos governos onde o importante é tomar o poder.
         As imagens acompanhadas pela música de Wim Mertens, hora melancólica, nos remetem a pensar o passado com repulsa pelas mazelas das guerras, e hora entusiástica, com nostalgia, como se sentisse a necessidade de ter vivido a breve boa parte desse intrigante século, imaginar-se em meio ao Maracanã, vendo Garrincha cheio de propriedade com a bola nos pés, ou participar da dança frenética de Fred Astaire.
         O século XX foi mesmo eletrizante, invenções maravilhosas como o  rádio, televisão, telefone, luz elétrica, o homem chegando a lua, a revolução industrial, e vejam só;   graças a ela  nossas  cidades   não   cheiram  mais a  cavalo, com  isso o que dizer de  Alex Anderson, que  produziu  tantos  carros,  no  entanto  nunca possuiu um, trabalhava apenas para sobreviver, e através do trabalho de Alex, será que o dono da Ford foi feliz? A única certeza que temos é que ambos tiveram o mesmo fim, pois frente à morte não existe diferença.
         E “elas” as incríveis mulheres, queimando seus sutiãs, brigaram e conquistaram seus direitos, porém infelizmente, muitas ainda hoje, não usufruem desses, talvez apenas por ainda estarem submetidas a tabus que desde o século XX   foram quebrados.
         O homem em busca de ser e fazer feliz lança mão de uma busca aviltante pelo ouro na serra pelada, quem se tornou rico realmente? Algum Antonio? E a construção do muro de Berlim na divisão de conceitos, e depois a derrubada deste em nome da paz,  da unificação e da democracia.
         Ao fim de toda esta loucura na busca pela tão desejada felicidade, sem mais perspectivas, o homem então, busca consolo nas diversas  religiões, crendo que encontrará  soluções, acredita em coisas esdrúxulas ditas por demagogos, e finalmente acaba morrendo sentindo-se injustiçado, como se Deus  fosse responsável  por sua insensatez.



                                              




                                                                                  

                                            

EDUCAÇÃO NATURAL, INDIRETA OU NEGATIVA

Segundo Rousseau, o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, e sendo a educação um hábito que se adquire, esta, sendo imposta pela sociedade pode mudar o comportamento e imputar vícios corrompendo a natureza boa que o homem teria em sua essência.
            Quando Rousseau propõe a educação natural ou negativa, não significa devolver a criança à selva, e sim privá-la de um convívio direto com a sociedade, confiando à educação desta, a um mestre que estaria preparado para conduzi-la de maneira a prover seu desenvolvimento natural, até que atingisse a maturidade moral necessária para racionalmente fazer as escolhas certas, e desviar-se do que não convém.
            O educador deve atentar para estar sempre à frente, prevendo cada passo a ser dado, preparando o ambiente e o material necessário para que a criança  aprenda por  si, e que esta aprendizagem aconteça  naturalmente do interior para o exterior, sem intervenção, nunca dizer o que ela deve fazer, e sim levá-la a raciocinar, e isto com certeza, segundo Rousseau, a natureza poderá proporcionar  pois em contato com as forças da natureza  a criança aprende a julgar, a prever e a raciocinar sobre tudo que se relaciona a vida.
Deverá também, respeitar cada fase da criança, sabendo sempre e quando será a hora propícia para expor determinados assuntos, pois antes deste momento apenas poderiam confundir sua mente ainda não capaz de compreendê-los, portanto para ele a religião não deve ser apresentada na infância o que segundo suas palavras enlouqueceria a criança por não saber explicar o que lhe seria imposto.
            Rousseau foi o precursor da ideia de que a criança não é um adulto em miniatura, e que a educação só atingiria seus objetivos se o aluno passasse a ser o centro desta, e não mais o professor, ora se a educação desde os primórdios visa formar cidadãos, deve ser pensada e estruturada com base nas necessidades do aluno e não de quem já está formado.
A educação natural de Rousseau pretende:       
·         Formar o homem para si mesmo, e não para a sociedade;
·         conduzi-lo sempre na busca da verdade;
·         propiciar o desenvolvimento para manter a bondade natural do homem;
·         não proporcionar virtudes, mas prevenir vícios;
·      não inculcar a verdade, mas proteger  do erro.





Lendo os textos propostos professora pela professora Rúbia, e também pelo professor Paulo Cezar, chego a conclusão de que hoje seria inviável colocar em prática a educação proposta por Rousseau, porém ao analisar e buscar compreender seus propósitos para educação da época,          pude aprender muito sobre o ser humano, e de como é importante o preparo do educador em sua tarefa na busca à formar cidadãos críticos e criativos, sendo esse desejo quase uma utopia, o mínimo a se fazer será não medir esforços para chegar o mais próximo possível deste ideal, como afirma Rousseau formar primeiro o homem, para depois formar o cidadão, através da sequência  natural.
O trecho abaixo me chamou atenção para o fato da confiança que Rousseau tinha em seu método, e a certeza de que chegaria ao seu objetivo:
3. Quanto ao meu aluno, ou antes, ao aluno da natureza, desde cedo treinado a bastar-se a si mesmo tanto quanto possível, ele não se habitua a recorrer continuamente aos outros, e muito menos a lhe exibir seu grande saber. Em compensação, julga, prevê, raciocina sobre tudo o que se relaciona imediatamente com ele mesmo. Não fala muito, mas age; não sabe uma palavra do que se faz na sociedade, mas sabe muito bem o que lhe convém. Como está continuamente em movimento, é forçado a observar muitas coisas, conhecer muitos efeitos; cedo adquire uma grande experiência, toma aulas de natureza e não dos homens; por não ver em nenhuma parte a intenção de instruí-lo, instrui-se melhor. Agindo sempre de acordo com seu pensamento, e não com o de outra pessoa, une continuamente as duas operações; quanto mais forte e robusto se torna, mais sensato e judicioso fica. Esse é o meio de um dia obter o que acreditamos ser incompatível e o que quase todos os grandes homens reuniram a força do corpo e a força da alma, a razão de um sábio e o vigor de um atleta (p. 138 e 139).
Este é o exemplo que levarei dele, confiança de que posso e certeza de que consigo.